sábado, 19 de dezembro de 2009

Medo - O Ladrão de Alegria


Ele era um ladrão profissional. Seu nome inspirava medo. Ele aterrorizou durante 13 anos as diligências de Wells Fargo, rugindo como um furacão e saindo da Sierra Nevada assombrando os mais rudes homens da fronteira. Nos jornais de São Francisco a Nova Iorque seu nome se tornou sinônimo de perigo na fronteira.

Durante seu reino de terror, entre 1875 e 1883, ele roubou a bagagem e o fôlego de 29 diferentes tripulações de diligências. E fez tudo isto sem disparar um tiro sequer. Sua arma cobria seu rosto. Nenhuma vítima jamais o viu. Nenhum artista pôde fazer seu retrato. Nenhum delegado pôde seguir sua trilha. Ele nunca deu um tiro ou seqüestrou alguém. Ele não precisava fazê-lo. Sua presença era o bastante para paralisar as pessoas. Black Bart. Um bandido encapuzado, equipado com uma arma mortal.

Ele faz lembrar outro ladrão que ainda anda por aí. Você o conhece, mas também nunca viu seu rosto. Você não pode descrever sua voz ou fazer seu retrato falado. Mas quando ele está por perto, você o sente por causa das batidas do seu coração.

Se você já esteve num hospital, já sentiu o toque de sua mão áspera sobre a sua. Se você já sentiu que alguém o estava seguindo, já sentiu sua respiração no pescoço. Se você acordou tarde da noite num quarto estranho, foi seu terrível sussurro que roubou seu sono.

Você o conhece. Ele é o ladrão que fez as palmas de suas mãos suarem quando foi ser entrevistado para um emprego. E foi esse patife que segregou em seu ouvido ao deixar o cemitério: “Você pode ser o próximo!”.

Ele é o Black Bart da alma. Ele não quer o seu dinheiro. Ele não quer seus diamantes. Ele não está querendo seu carro. Ele quer algo muito mais importante. Ele quer a paz do seu espírito - sua alegria.

Seu nome? Medo.

(...)

O medo é provavelmente a causa principal do potencial perdido. Quantas pessoas, através da história, malograram na consecução de seus objetivos porque deram as costas a oportunidade: sentiram medo.

(...)

Não faltam oportunidades e desafios. Novos empreendimentos comerciais precisam ser estabelecidos. Escolas precisam ser fundadas. Livros precisam ser escritos. Leis precisam ser promulgadas. Vacinas precisam ser descobertas. A poluição precisa ser controlada. Quem sabe se você não é a pessoa indicada para atender a uma destas necessidades, ou a alguma outra dentre milhares e milhares?

A propósito, lembra-se do Black Bart? Afinal, ele não era nada a temer. Quando o capuz caiu, não havia nada a temer. Quando finalmente as autoridades prenderam o ladrão, não encontraram o bandido sanguinário do Death Valley (vale da morte); encontraram um farmacêutico bem comportado de Decatur, Illinois. O homem que os jornais apontavam como alguém que galopava pelas montanhas sempre em alta velocidade. Na realidade, tinha tanto medo de cavalos, que praticava seus assaltos viajando numa pequena carruagem. Ele era Charles E. Boles - o bandido que nunca deu um tiro, porque nem sequer carregava pistola!

Existem “falsos capuzes” no seu mundo?Desmascare-os.
Viva!
Sonhe!
Planeje!
e sobretudo realize.

...quando se vence ao medo começa a sabedoria. (Bertrand Russell)

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Dicionário Brasileiro de Prazos

Dicionário Brasileiro de Prazos

Para evitar que estrangeiros fiquem pegando injustamente no nosso pé, está-se compilando o Dicionário Brasileiro de Prazos. Alias, este livro já deveria estar pronto , mas atrasou. Por isso extraímos alguns trechos que seguem abaixo:

DEPENDE: Envolve a conjunção de várias incógnitas, todas desfavoráveis. Em situações anormais, pode até significar sim, embora até hoje tal fenômeno só tenha sido registrado em testes teóricos de laboratório. O mais comum é que signifique diversos pretextos para dizer não.

JÁ JÁ: Aos incautos, pode dar a impressão de ser duas vezes mais rápido do que já. Ledo engano; é muito mais lento. Faço já significa “passou a ser minha primeira prioridade”, enquanto

“faço já já” quer dizer apenas “assim que eu terminar de ler meu jornal, prometo que vou pensar a respeito.”

LOGO: Logo é bem mais tempo do que dentro em breve e muito mais do que daqui a pouco. É tão indeterminado que pode até levar séculos. Logo chegaremos a outras galáxias, por exemplo. É preciso também tomar cuidado com a frase “Mas logo eu?”, que quer dizer “tô fora!”

MÊS QUE VEM: Parece coisa de primeiro grau, mas ainda tem estrangeiro que não entendeu. Existem só três tipos de meses: aquele em que estamos agora, os que já passaram e os que ainda estão por vir. Portanto, todos os meses, do próximo até o Apocalipse, são meses que vêm!

NO MÁXIMO: Essa é fácil: quer dizer no mínimo. Exemplo: Entrego em meia hora, no máximo. Significa que a única certeza é de que a coisa não será entregue antes de meia hora.

PODE DEIXAR: Traduz-se como nunca.

POR VOLTA: Similar a no máximo. É uma medida de tempo dilatada, em que o limite inferior é claro, mas o superior é totalmente indefinido. Por volta das 5h quer dizer a partir das 5 h.

SEM FALTA: É uma expressão que só se usa depois do terceiro atraso. Porque depois do primeiro atraso, deve-se dizer “fique tranqüilo que amanhã eu entrego.” E depois do segundo atraso, “relaxa, amanhã estará em sua mesa.” Só aí é que vem o “amanhã, sem falta”.

UM MINUTINHO: É um período de tempo incerto e não sabido, que nada tem a ver com um intervalo de 60 segundos e raramente dura menos que cinco minutos.

TÁ SAINDO: Ou seja: vai demorar. E muito. Não adianta bufar. Os dois verbos juntos indicam tempo contínuo. Não entendeu? É para continuar a esperar? Capisce! Understood? Comprendez-vous? Sacou? Mas não esquenta que já tá saindo...

VEJA BEM: É o Day after do depende. Significa “viu como pressionar não adianta?” É utilizado da seguinte maneira: “Mas você não prometeu os cálculos para hoje?” Resposta: “Veja bem...” Se dito neste tom, após a frase “não vou mais tolerar atrasos, OK?”, exprime dó e piedade por tamanha ignorância sobre nossa cultura.

ZÁS-TRÁS: Palavra em moda até uns 50 anos atrás e que significava ligeireza no cumprimento de uma tarefa, com total eficiência e sem nenhuma desculpa. Por isso mesmo, caiu em desuso e foi abolida do dicionário.